Morreu Natasha Semmynova, uma das maiores referências de performance nacionais

por: António Manuel Teixeira
Morreu Natasha Semmynova, uma das maiores referências de performance nacionais
Portugal Gay

Portugal chora a morte de um dos maiores performer a nível europeu, Natasha Semmynova.

Por de trás de um grande artista estava o Vctor Fernandes, com 41 anos conciliava a carreira de drag queen com a de maquilhador profissional.

A notícia da morte foi avançada pelo seu amigo e fundador do Portugal Gay, João Paulo, que refere "admirado por muitos, calcou o palco do The Voice Portugal e marcou, escancarou a porta para outras imagens idênticas colorirem o espaço monocromático".

 

João acrecentou "para mim, um amigo, para quem gostava de produzir coisas, que seguia tanto quanto podia, com quem conversava sobre tudo e das paneleirices também".

João Paulo reforçou que "disse presente quando se descobriu que estava doente com um tumor, divulguei aos sete ventos que precisava de ajuda, trocava-mos mensagens semanalmente", mas hoje "não me respondeu ele, respondeu a irmã".

Victor Fernandes explicou que “não sou bem uma drag queen, não sou um transformista, porque me considero mais fora do comum do que o tradicional”, apresentava-se, no perfil fotográfico publicado no P3, suplemento do PÙBLICO. Preferia ser conhecido por performer. 

Distinguia-se por ser uma figura ambígua e andrógina, ao actuar de barba e corpetes, mas sem perucas e próteses de mamas, uma opção pouco comum no transformismo. “Descompliquem! Não tentem sequer perceber ‘ai, mas aquilo é o quê?’. É o que é”, disse ao mesmo jornal em 2014.

Vítor Fernandes, tentava mostrar as múltiplas vidas do transformismo, ainda uma “arte menosprezada” em Portugal, dizia. O artista trabalhava como maquilhador profissional, quando não se maquilhava a ele mesmo para actuar, nos míticos espaços LGBT da invicta, Boys'r'us​, Moinho de Vento e Him/Syndikato e np Porto Pride. Nos últimos anos, participou também em várias sessões do ciclo Quintas de Leitura, do Teatro Municipal do Porto.

João Paulo, que conheceu a segunda pele de “Vítor Semmynova” no extinto Boys'r'us, disse ao P3:  “ultimamente, o Vítor estava a ficar muito mais politizado. Nos espectáculos que fazia, queria passar às pessoas não só a versão do brilho, do show, da cor, mas transmitir também uma mensagem de liberdade. Queria mostrar que a festa é importante, mas que havia um trabalho a fazer. Conquistar o que não está conquistado e preservar o que foi conquistado”.

O fundador do Portugal Gay, disse ainda que “o que me impressionou nele, e que não vejo em todos os transformistas, é que ele não fazia uma música porque sim, fazia uma música depois de a estudar. Era um perfeccionista a todos os níveis”, salientando que tinha uma “paixão louca pelos The Cranberries”.

Em Abril deste ano, depois de mais de um ano de bares e discotecas fechadas, sem ter trabalho e já muito “incapacitado”, Vítor Fernandes recorreu às redes sociais para solicitar ajuda financeira, com a finalidade de pagar contas domésticas e despesas médicas do “grave cancro do pulmão" que enfrentava, enquanto aguardava pelo atestado de incapacidade que permite o acesso a descontos e subsídios. 

O funeral de Vitor Fernandes vai realizar-se esta quarta-feira, 16 de junho, às 15:00, na capela de Águas Santas, mas o velório está a decorrer até às 23:00. 

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